" AS ABORDAGENS DA MORTE NAS GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO CLÁSSICO CHINÊS" PRESENCIAL 2024


Por:
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Seminário Internacional de Medicina Chinesa com Elisabeth Rochat 

Programação 2024

Tema: "AS ABORDAGENS DA MORTE NAS GRANDES CORRENTES DO PENSAMENTO CLÁSSICO CHINÊS"    PRESENCIAL 2024.

Dias:  23 e 24 de Agosto de 2024

Local: Avenida Silva Lobo, 1730 - Auditório Newton Paiva Ferreira

CEP: 30431-262

Belo Horizonte-MG

A faixa fúnebre de Mawangdui
 
Em 1972, um grupo de arqueólogos entrou numa tumba selada em 168 a. J. C. e lá encontraram, entre outras maravilhas, uma pintura feita na seda, em forma de faixa, colocada sob o caixão que continha o corpo da defunta. Como um tipo de talismã e de invocação, ela representava a vida invisível do universo, as forças, como o Yin Yang, os Espíritos da Terra e do Céu... que agem para que a vida apareça e que guiam nos caminhos da vida após a morte. A defunta é representada na faixa, com suas almas Hun e Po, na sua dupla existência celeste e terrestre.
 Nós estudaremos em especial aquilo que representam as almas Hun e Po na China antiga, por meio dos textos clássicos e do que se sabe do culto dos antepassados tal como era praticado naquela época. A crença na sobrevivência para aqueles que sabem cuidar bem da sua própria vida é representada nessa faixa de forma colorida e artística. Ela ecoa com a grande quantidade de textos do mesmo período e das ideias que podemos atribuir a eles, em particular os escritos que abordam os ritos funerários e a manutenção da vida para continuá-la no Além. Nós nos basearemos nos melhores entre estes textos para esclarecer o significado da pintura exposta frente a nossos olhos.
 
Vida e morte
 
O ser humano possui consciência de si. É o que caracteriza o humano e constitui sua grande diferença com os outros seres como os animais. Mas uma das consequências desta consciência é o medo e a ansiedade. Cada civilização, confrontada a este problema fundamental, tem, desde o neolítico no mínimo, desenvolvido concepções e sistemas que permitem à vida humana prosseguir e se desenvolver apesar dos medos profundamente enraizados e cujas forças gigantescas parecem incontroláveis.
 O animismo, o culto dos antepassados, os diferentes níveis da noção do Céu, a organização de um sistema cósmico de correspondências... são respostas, no mundo chinês, à essa angústia perpétua.  
Na China, como em todo lugar, vemos diversas atitudes, ao longo da história, assim como variações em função dos pontos de vista.
Qual visão pode ou deve ter um homem para viver sua vida em função desta visão e enfrentar sua morte, senão sem medo, pelo menos sem o insuportável medo/angústia da ausência de sentido e do desaparecimento.
 No contexto do mundo chinês, observamos as visões propostas pelo Taoísmo e pelo Confucionismo (e não o Budismo); elas fomentaram a vida concreta de um grande número de pessoas durante milenares; testemunhos históricos e biográficos o confirmam.
Estas visões chinesas tradicionais, mesmo se elas ainda existem hoje em dia, não possuem mais exatamente as mesmas formas; no entanto, elas podem nos confrontar aos nossos próprios questionamentos sobre a morte, mas sobretudo à nossa visão da vida, aquela que nos permite conceber e enfrentar a morte e incorporá-la àquilo que a excede; senão, nós nos tornamos inexoravelmente suas vítimas.  
 As visões propostas pelo taoísmo e pelo confucionismo diferem, mas elas repousam sob o mesmo pano de fundo chinês onde encontramos:
 -O culto dos antepassados (sendo assim uma vida depois da morte), praticados desde sempre e ainda hoje.
 -Uma crença em almas humanas (Hun e Po) próprias ao indivíduo, se separando, mas não desaparecendo, na hora da morte; a certeza de que o homem pode se elevar ao nível de espírito celeste, vivendo da vida do Céu Terra.
 -A elaboração de uma cosmologia onde tudo está ligado; cada indivíduo é parte (temporária) de um todo, nunca isolado, nunca realmente confrontado a uma natureza hostil, mas sempre parte integrante de um movimento natural.
 Estas visões, taoísta e confucionista, tem também suas abordagens particulares, implicando uma certa forma de agir da vida, discípulos, práticas e mesmo técnicas que visem a tornar mais real a incorporação de uma vida particular à vida do universo. Veremos as grandes características de cada abordagem e de qual imortalidade se trata em diversos contextos.
 Certas questões serão levantadas, tais como, por exemplo:
- A imortalidade não é não morrer. Não é necessariamente preservar seu corpo físico
 
-A imortalidade é biológica ou ideal? A sobrevivência se faz no pensamento ou no corpo dos outros (os grandes mestres vivem em seus discípulos e os antepassados em seus descendentes)?
 -O que significa se tornar um “deus” ou “espírito” (shen)? Durante sua vida ou na hora da morte.
 -Qual consciência, quais as qualidades determinantes de um indivíduo permanecem após a morte, e sob qual forma?
 -Qual relação entre o mundo dos vivos e o dos mortos? A importância dos ritos na convivialidade e na ligação entre vivos e mortos.
 Nós abordaremos também a noção da morte na perspectiva das Quatro Esferas do grande filósofo contemporâneo Feng Youlan (1895-1990).

 

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